Ministério da Saúde estuda adaptar caderneta do adolescente por faixas etárias

Ministério da Saúde estuda adaptar caderneta do adolescente por faixas etárias

Após críticas do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse nesta terça-feira (12) que o governo estuda fazer um novo modelo de caderneta de saúde do adolescente separado por diferentes faixas etárias.

“O que vimos é que ficou uma linguagem única, e a adolescência é um período muito vasto. O início da adolescência não é uma data matemática. Há meninas de dez anos já com menarca [primeira menstruação] e meninas de 14 anos que ainda estão terminando sua infância”, disse.

Segundo ele, uma possibilidade em estudo é trabalhar com um modelo para o que chama de “primeiro ciclo da adolescência”, que se estenderia dos 10 aos 13 anos, e outro para adolescentes de 14 a 18 anos. “Isso será analisado pela equipe”, afirmou ao chegar para um seminário de primeira infância.
Em vídeo divulgado na última quinta, Bolsonaro disse ter recebido um vídeo de uma mãe que reclama do material, o qual teria sido entregue à sua filha de 9 anos.

No vídeo, ele chama o documento incorretamente de “caderneta de vacinação” e faz críticas. “Tem muitas informações boas aqui, precisas. Mas o final dela fica complicado no meu entendimento”, diz, sugerindo que pais rasguem páginas com figuras que orientam sobre o uso da camisinha, por exemplo.

Em seguida, ele diz que a caderneta será recolhida e substituídas por outra, “menor, mais barata e sem essas figuras”.

Questionado nesta terça, Mandetta disse que o material “cumpriu seu papel” e deve ser revisto.

“É uma cartilha muito antiga que cumpriu seu papel. Mas entendo a posição da mãe da criança em que a família se sentiu agredida pelo conteúdo”, afirmou. Para ele, pode estar havendo um “mau uso” do material.

Em entrevista à Folha, a ex-coordenadora de saúde do adolescente Thereza de Lamare disse que o material passou por dois anos de discussões e por testes-piloto em cinco cidades antes de ser distribuído.

Ela classifica a decisão de recolher a publicação como um equívoco. “A questão da camisinha faz parte da vida real. Uma hora os adolescentes vão ter relação sexual, e é melhor que tenham de forma segura”, disse.

Para Lamare, é um erro achar que orientar sobre o uso de camisinha representa um incentivo à atividade sexual.

“As pessoas têm a visão de que, se não falar sobre isso, está protegendo o adolescente. Mas as pesquisas mostram o contrário”, afirma. “Os adolescentes estão vivenciando isso e têm dúvidas. Eles sabem as coisas, veem na internet. Precisamos garantir que tenham acesso à informação correta.”

Fonte FOlha

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