Doria pegará carona em Bolsonaro e França atacará falsidade
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Agora livre do peso de Geraldo Alckmin (PSDB), o tucano JoãoDoria deve aprofundar a estratégia de pegar carona no eleitorado de Jair Bolsonaro (PSL) com um discurso duro na área da segurança.
Na reta final da campanha, Doria passou a imitar as falas do militar.
Ele chegou a prometer que, quando fosse eleito, a polícia passaria a atirar para matar em confrontos –o que contraria o procedimento de uso progressivo da força adotado oficialmente pelas forças de seguranças paulistas.
A equipe tucana identificou que o discurso fortaleceu Doria, que oscilou positivamente nas pesquisas após as afirmações polêmicas. A partir daí, ele passou a repetir a frase na maioria das entrevistas.
Mesmo durante a campanha, apesar do apoio oficial a Alckmin, a equipe de Doria chegou a fazer tentativa de aproximação com a equipe de Bolsonaro. Agora, as tratativas devem ocorrer publicamente.
Na sexta (5), Doria faltou ao último ato de campanha com Alckmin, alegando mau tempo para voar do interior à capital paulista.
A arrancada de Márcio França no final da disputa acabou surpreendendo a equipe de Doria. O tucano já preparava as armas para atacar Paulo Skaf (MDB) no segundo turno ligando-o à Lava Jato e ao presidente Michel Temer.
França era o adversário mais temido pela equipe tucana, por causa da capilaridade de sua coligação, com muitos prefeitos e deputados pelo estado.
Agora, Doria vai continuar a atacar França, tachando-o como esquerdista –costuma chamá-lo de “Márcio Cuba”.
Um desafio do tucano é diminuir a alta rejeição, de 38%, segundo o Datafolha. Esse é um flanco que deverá ser explorado por França.
O governador também vai bater na tecla de que mantém sua palavra, ao contrário de Doria, que não cumpriu a promessa de ficar na prefeitura até o fim do mandato.
França costuma atacar Doria acusando o tucano de ser marqueteiro e ter uma imagem que transmite falsidade.
O governador –que declarou voto em Alckmin ao longo da disputa, mas não fez campanha para o antecessor– deve tentar se manter neutro nacionalmente, a despeito de uma eventual decisão do PSB de ficar contra Bolsonaro.
De manhã, quando votou em uma escola em São Paulo, França já tinha dado a dica de que partirá para cima de Doria no segundo turno.
Na saída de sua seção, falou a sobre o adversário, que, segundo ele, fez a campanha contrariado.
“Doria era candidato à Presidência. Ele se iludiu com a vitória na prefeitura. Como ele não conseguiu a disputa [à Presidência], ele foi buscar o prêmio de consolação no governo de São Paulo.”